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Esgotamento profissional: conheça a síndrome Burnout

  • Foto do escritor: Daniel Fernandes
    Daniel Fernandes
  • 22 de mai. de 2019
  • 7 min de leitura

Rotinas longas e intensas, pressão por excelentes resultados e a necessidade de melhorar continuamente o desempenho são situações que profissionais se encontram em seus trabalhos atualmente. Se você sente cansaço excessivo e estresse prolongado no trabalho e que o acompanha até em casa, fique de olho! Pode ser a síndrome burnout.

"Se você sente cansaço excessivo e estresse prolongado no trabalho e que o acompanha até em casa, fique de olho! Pode ser a síndrome burnout."

Competitividade e individualidade (que muitas vezes são estimuladas) nas empresas pode contribuir para esse cenário, que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o profissional e a organização. O profissional que antes era muito envolvido afetivamente com os seus colegas no trabalho, com as pessoas que atendia, seus clientes, pacientes, ou seu chefe ou subordinados, desgasta-se e, em um dado momento, desiste, perde a energia, chega ao seu limite e sente como se fosse explodir, implodir, como se começasse a pegar fogo, entrando em combustão.

O termo burnout vem do inglês, é um termo composto por duas palavras: burn (queimar) e out (fora), que era usado quando algum dispositivo tinha alguma "falha", passava a funcionar diferente do esperado, tendo excesso de calor e pegando fogo, "queimando para fora" devido a algo inesperado em seu maquinário. Nesse sentido, o profissional perde o sentido de sua relação com o trabalho, desinteressa-se pelas atividades e qualquer esforço lhe parece inútil.

"Burnout: usado quando algum dispositivo tinha alguma 'falha', passava a funcionar diferente do esperado"

Me sinto incompetente. Eu falhei no meu trabalho?


Não, e você não é uma máquina . Existem cobranças feitas pelos outros ou pela pessoa, reais ou imaginários ("eu acho que as pessoas no meu trabalho vão achar que sou incompetente, fraco ou preguiçoso"), esse julgamento pode trazer peso, culpa e estigmatização do profissional, o que não só não ajuda, como atrapalha e também afasta o profissional do entendimento real de sua condição, da seriedade desta e de que precisa de ajuda. Curiosamente, quando trata-se de condições mentais, as pessoas que sofrem são culpabilizadas, estigmatizadas, o que não ocorre com outros tipos de doenças. Os profissionais com Burnout precisam ser respeitados!

Esgotamento profissional não é "vitimíssimo" ou "frescura", muito menos "coisa da sua cabeça". E é extremamente arriscado apostar que "vai passar". Visitar um profissional é um autocuidado, respeito com quem sofre de Burnout. Procurar ajuda de psicoterapeuta em "último caso" é perigoso. Embora o estigma faça com que o profissional leve muito tempo para buscar ajuda, decerto, quanto mais cedo procurarem ajuda, melhor.

"Esgotamento profissional não é 'vitimíssimo' ou 'frescura', muito menos 'coisa da sua cabeça' [...] Visitar um profissional é um autocuidado, respeito com quem sofre de Burnout"

É possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional! Cada vez que os profissionais começam a conhecer melhor o tema, aumenta a possibilidade de reduzir o preconceito da doença para que a pessoa procure ajuda médica/psicológica o mais rápido possível.

É muito possível que um profissional com burnout seja excelente em suas atividades, que consiga realizar suas tarefas e ter sucesso profissional. A chance de que isso aconteça é maior, claramente, se o profissional trabalha em ambiente propicio, faz psicoterapia e acompanhamento médico especializado.


O que é a síndrome burnout?


A síndrome burnout, conhecida também como síndrome do esgotamento profissional, é um estado físico, emocional e psicológico de exaustão extrema, provocada pelo acúmulo excessivo de atividades no trabalho que são emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A síndrome acontece especialmente em profissionais das áreas de educação e saúde, mas pode acontecer também em profissionais de outras áreas. É um tipo de resposta a longo prazo a estressores físicos ou psicológicos, emocionais e interpessoais crônicos no trabalho. Pode estar associada a uma suscetibilidade maior para doenças físicas, uso de álcool ou outras drogas (para obtenção de alívio) e para o suicídio.

" É um tipo de resposta a longo prazo a estressores físicos ou psicológicos, emocionais e interpessoais crônicos no trabalho."

Estresse e Burnout são a mesma coisa?


Não. A confusão acontece, na verdade, porque os sintomas do estresse estão presentes na síndrome Burnout. Deve ser feita uma diferenciação:

- O Burnout, que seria uma resposta ao estresse no trabalho, com relações diretas com ele, envolve atitudes e condutas negativas com relação às pessoas do trabalho, com clientes, firma, organização e ao trabalho exercido em si.

- O quadro tradicional de estresse não envolve tais atitudes e condutas, sendo um esgotamento pessoal que interfere na vida do indivíduo, mas não tem de modo predominante sua relação com o trabalho como no caso de burnout.

Procure um profissional e converse com ele sobre isso, bem como amigos e família! Não tenha medo ou vergonha de falar sobre isso. Reconhecer que pode estar passando por esse esgotamento e procurar ajuda é o primeiro passo!

Como abordar sobre o assunto no meu trabalho?


Após ver um especialista e passar por acompanhamento, é a hora de conversar sobre isso no trabalho. Apesar de relativamente comum, esses episódios ainda são um tabu enfrentado em muitas empresas. Pode haver um medo de pedir mais apoio, pois há um sentimento de que pedidos de ajuda não são valorizados pela organização, junto do medo do desemprego, de perder o emprego ou ser penalizado. A insegurança da estabilidade no cargo pode prejudicar esse pedido de ajuda, especialmente durante tempos econômicos difíceis. Muita gente incompreende a gravidade da síndrome.

"Pode haver um medo de pedir mais apoio, pois há um sentimento de que pedidos de ajuda não são valorizados pela organização, junto do medo do desemprego, de perder o emprego ou ser penalizado. "

Muitas empresas não tem um psicólogo na equipe para ajudar os funcionários, mas isso não deve ser um impeditivo para se abordar o tema. O profissional poderá recorrer ao chefe ou ao Departamento de Recursos Humanos.


- Chefe: se a relação com seu chefe não é tão aberta, agende uma reunião. Não postergue! Marque logo uma reunião, envie um e-mail, avise o quanto antes logo que você precisa conversar com seu chefe, para não correr o risco de cair no "ah, vou deixar pra amanhã. Depois eu converso". Mencione que existe uma questão de saúde sobre a qual você gostaria de conversar. Explique a seu chefe de que forma isso está afetando sua performance no trabalho. Esclareça que você está buscando um tratamento e tentando lidar de maneira proativa com uma doença. Se a conversa for conduzida da maneira correta, seu chefe pode se tornar um aliado na luta contra o Burnout. Se mesmo assim, depois do diagnóstico, você não se sinta a vontade de falar com seu chefe, um atestado médico já será suficiente para um comunicado.


- Departamento de Recursos Humanos: pode assumir a escuta de problemas e estar disposto a ouvir, pode corrigir problemas antes que mais funcionários sejam afetados. Fale sobre as políticas de bem-estar de funcionários adotadas pela empresa, pois o RH tem um papel importante na qualidade de vida dos funcionários, evitando a ocorrência de acidentes, sinistros e doenças laborais.

Se outras pessoas em seu ambiente de trabalho também passaram pelo mesmo problema, pergunte se elas discutiram o assunto com o chefe em algum momento, ou como foi de modo geral passar por isso. Troque experiências, pode ajudar. Na medida em que se passa a falar sobre o tema, é possível perceber que quem sofre de burnout não são as únicas a experimentar essas sensações e que existe tratamento. Essas conversas podem abrir portas para além das conversas e, eventualmente, encorajem a procura por atenção profissional.

E lembre-se: É um direito do profissional quando a empresa é responsável pelo seu adoecimento, a mesma ter os devidos cuidados. O afastamento é garantido quando o problema de saúde é identificado e atestado em laudo médico. O profissional é amparado pela justiça em discriminação ou assédio no emprego, relacionamento hostil entre chefes e funcionários. O Ministério do Trabalho e Emprego atende pelo telefone 158 para denúncias de irregularidades trabalhistas.

"Se outras pessoas em seu ambiente de trabalho também passaram pelo mesmo problema, pergunte se elas discutiram o assunto com o chefe em algum momento, ou como foi de modo geral passar por isso."


Quais são os fatores de risco?


A síndrome afeta principalmente profissionais que trabalham em contato direto com os usuários, como os profissionais da educação, professores, profissionais da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, entre outros. Profissionais provenientes de ambientes de trabalho que passam por transformações organizacionais, como dispensas temporárias do trabalho, diminuição da semana de trabalho, nenhuma reposição de substitutos e enxugamento (downsizing) na chamada "reestruturação produtiva", também são exemplos de grupos que precisam de atenção, pois o Burnout pode ocorrer. O risco da síndrome de esgotamento profissional é maior para todos aqueles que vivem a ameaça de mudanças compulsórias na jornada de trabalho e declínio significativo na situação econômica. Todos os fatores de insegurança social e econômica aumentam o risco (incidência) de esgotamento profissional.


Como é feito o diagnóstico?


O diagnóstico dessa síndrome é feita por um médico, baseado na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID - 10).


Existe tratamento?


O tratamento da síndrome burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). A intensidade da prescrição de cada um dos recursos terapêuticos depende da gravidade e da especificidade de cada caso.

A psicoterapia está indicada mesmo quando são prescritos psicofármacos, pois a síndrome de esgotamento profissional refere-se a um processo de desinvestimento afetivo no trabalho.

Uma das características centrais da síndrome de esgotamento profissional é o afastamento afetivo do trabalho, comprometendo o desempenho profissional e, muitas vezes, a própria capacidade de trabalhar. Os sinais de piora da síndrome burnout surgem quando a pessoa não segue o tratamento adequado. Com isso, os sintomas se agravam e incluem perda total da motivação e distúrbios gastrointestinais. A pessoa pode desenvolver uma depressão, que muitas vezes pode ser indicativo de internação para avaliação detalhada e possíveis intervenções médicas.


E quais as estratégias para enfrentar a Síndrome de Burnout?


A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na cultura da organização do trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do desempenho individual, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição da competitividade, busca de metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um.


Mas, se prevenção não for feita pela organização?


É importante o profissional valorizar aspectos de sua vida para além do trabalho, como exercícios físicos, atividades recreativas. É importante descansar adequadamente, com boa noite de sono (média de 8 horas diárias). É fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas.


Pode ser necessário afastamento do emprego por um tempo, o que pode ser ordenado pelo médico. Confirmada a relação da doença com o trabalho, deve-se: informar ao trabalhador; examinar os expostos, visando a identificar outros casos; notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria; providenciar a emissão da CAT, caso o trabalhador seja segurado pelo SAT da Previdência Social; orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco.


Fontes:



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